segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

História do Barreado; Entrudo (atual carnaval); Anhaia; Salto do Fortuna e Fantasma da Loira do Viaduto dos Padres!

 Barreado
Da canoa subiu o primeiro foguete...
Alça um outro, outro mais...e do porto distante
Sobe riscando o céu na tarde agonizante
um rojão que no azul traça um alvo filete

Lá na praia distante, em meio a vazante,
junta o povo de casa e apresta-se o rolete
p´ra varar a canoa e aguardar o banquete,
o Barreado que chega – o “boi” – carne abundante.

é o cominho, a farinha, a banana, e a aguardente
p´ra a festança, ideal do caboclo praiano
que termina depois no Fandango dolente...

Torna ao canto a panela de barro inda um ano,
a esperar outro Entrudo, a alegria da gente
boa e simples que volta ao seu labor, insano.
 Coloca-se no fundo de uma panela de barro tiras de toucinho, pondo-se a carne gorda e magra em seguida, acompanhada dos temperos: cominho, cebola, salsa, cebolinha, alho, tomates, pimenta de cheiro e limão. Calafetam-se as bordas da panela com uma goma de farinha de mandioca, prendendo-se a tampa por meio de tiras de papel. Além de tudo isso, ainda se amarra para evitar que o vapor escape. Algumas vezes o barreado se faz colocando-se a panela sobre a chapa do fogão, e a fogo lento, durante toda a noite e indo pela manhã adentro até o almoço para se processar o cozimento. É servido com a colher, garfo de pau, a cuia de farinha de goma e o garrafão de cachaça de Morretes.
Os  bandeirantes  chegados  de  São  Paulo  de  Piratininga,  em 1578 [...]  em busca do ouro de Paranaguá, uma das primeiras minas  do Brasil,  atraiu  os  portugueses  dos Açores,  em  1720.
Eles legaram ao Paraná o prato que o representa: o Barreado.
Único em todo o Brasil, é  testemunha do costume açoriano de “barrear”  a  tampa  com  grude  de  farinha  e  água,  descer  a panela amarrada com cordas até o centro dos vulcões inativos para  cozinhar  até  desfiar  nos  vapores  quentes,  carnestemperadas  com  especiarias,  servidas  em  dias  de  festas.
Barreada  e  enterrada  nas  areias  do  nosso  litoral,  sobre fogueiras  de  brasas,  a  panela  de  barro  abriga  até  hoje  a herança portuguesa (Helena Menezes e Joana D´Arc Menezes, 2001).
No folclore morretense, o Barreado é símbolo de fartura, festa e alegria.
Sua origem , contada de pai para filho, é que, há mais de duzentos anos, quando filhos de índias com  portugueses (mamelucos ou caboclos), vinham à vila trazer os produtos da lavoura de seus patrões, ficavam para almoçar e lhes era servido uma carne cozida muito gostosa. Gostaram tanto que levaram a idéia para o sítio onde moravam, e sempre que os patrões iam visitar as plantações, eles ofereciam aquele prato saboroso, feito com carne de peito, toucinho e todos os temperos disponíveis, que eles deixavam cozinhar por muitas horas, em panela de barro, para amolecer a carne.
Com o tempo notaram que a carne secava muito depressa, porque o vapor fugia da panela, resolveram então pegar uma folha de bananeira, sapecar no fogo, a fim de amolecer e amarrar a boca da panela de barro e, depois de colocar a tampa, a barreavam com um pirão meio mole de farinha de mandioca, cinza e água, o que deu origem ao nome “BARREADO”.
A expressão "barrear", portanto, é utilizada no sentido de vedar a panela com um pirão de cinza e farinha de mandioca, para evitar que o vapor escape e o cozido não seque depressa.
Se algum prato paranaense merece ser tombado pelo Patrimônio Cultural, essa iguaria é o barreado.

O Entrudo
O Entrudo  (do  latim  introitu,  introdução) era uma espécie de jogo herdado de Portugal que acontecia  no  Brasil  inteiro  três  dias  antes  do  início  da  Quaresma.  Sua denominação fazia referência justamente ao período que introduz (entrudo) a Quaresma (do  latim  quadragésima),  data  que  marca  o  início  dos  quarenta  dias  que antecedem  à  Páscoa. 
O  Entrudo  caracterizava-se  então  como  três  dias  de excesso que antecipavam um período de penitência e constrição. 
No  Entrudo as pessoas  atirando  umas nas outras  laranjas  e  limões  de  cheiro, bacias  d´água,  polvilho, farinha  do  reino,  fuligem,  goma,  ensopando  os transeuntes, molhando  famílias e ruas  inteiras, em plena batalha. 
Criados,  outrora  escravos,  carregavam latas, cântaros, para suprimento dos patrões empenhados na guerra.
Depois  o  Entrudo  admitiu  formas  mais  doces,  com  as laranjinhas  de  cheiro  e  as  borrachas  com  água  perfumada.
Lembra-se dos “lança-perfumes” de Carnaval? Pois é, o “entrudo” acabou dando origem ao atual Carnaval de hoje.  
Grupo de Fandango Professora Helmosa, em Morretes e 
Carnaval 2011, 50 anos de Folia (Santa Mônica Clube de Campo)
Durante os três dias de Entrudo, o caboclo do litoral, parava com seus afazeres, para somente se dedicar a dança do Fandango (dança popular da Idade Médica, freqüência obrigatória nos aristocráticos salões europeus, no século XVII).
O alimento desses  três dias em que amanheciam exaustos,  sem  energias  para  preparar  o  almoço,  era  o Barreado, cujo grau de cozimento resistia às 72 horas de folia, dispensando as senhoras caboclas de preparar o almoço para dezenas de foliões. Hoje, o Barreado continua sendo, dentro da melhor  tradição,  um  prato  que  se  serve  à  época  do Carnaval.


Caminho Histórico do Anhaia
O Caminho do Anhaia, ou Estrada do Anhaia, começa na ponte do Rio do Pinto (formado por: Rio Fortuna; Rio da Serra e Rio dos Padres) é na verdade a remanescente do Caminho do Arraial, primeira ligação entre o litoral e o planalto, aberto entre 1586 e 1590.
Na  Estrada do Anhaia encontramos belas casas de antigas de estilo barroco das antigas fazendas e engenhos de cana com seus alambiques, maioria hoje desativado, pilões de pedra e parte do antigo Caminho do Arraial.
São aproximadamente 11 quilômetros nesta estrada de terra desde a Ponte do Rio do Pinto até o começo da trilha, que inicia num gasoduto da Petrobras, uns quinhentos metros adiante da porteira do parque você vê uma placa que sinaliza que está no caminho certo e que é preciso mais 1250 metros para chegar à cachoeira do Salto do Fortuna, ou Salto Fortuna, uma queda d´agua de 50 metros já no Parque Estadual do Pau Oco.
Numa certa altura da trilha, encontramos uns 20 metros de calçamento escorregadio do histórico caminho colonial, o Caminho do Arraial, que já conduziu índios, aventureiros, escravos africanos, padres jesuítas,  garimpeiros  e imigrantes italianos que seguiam de Morretes para o antigo Arraial Grande (hoje no município de São José dos Pinhais), ou no sentido contrário.
Depois do Caminho do Anhaia se atravessam dois rios de cerca de 10 metros de largura, saltando pelas pedras ou por dentro da água mesmo, pois de qualquer jeito se molha o pé até o joelho. O último deles é o próprio Rio Fortuna.
O interessante e que muita gente  fala Cachoeira da Fortuna ou Salto da Fortuna, no entanto, como cachoeira esta no Rio Fortuna, o mais apropriado seria falar chamar Salto do Fortuna (do rio Fortuna); ou Cachoeira do Fortuna (do Rio Fortuna). 
O Padre e Anhaia
O Caminho do Anhaia, ou Estrada do Anhaia, começa na ponte do Rio do Pinto (formado por: Rio Fortuna; Rio da Serra e Rio dos Padres), este Rio dos Padres é o mesmo do Viaduto dos Padres, de onde surgiu o causo relatado por Luciana do Rocio:
"No século dezoito, no local onde hoje é o Viaduto dos Padres existia um mosteiro. Perto deste local religioso havia a fazenda de um homem muito rico apelidado de Pepe Ayala. Este homem tinha uma filha chamada Anhaia. Aos três anos de idade, esta garota teve uma febre muito forte. Então sua mãe fez uma oração pedindo para que a menina sarasse e se este milagre acontecesse, ela colocaria a filha no convento. Assim, naquele instante Anhaia saiu da cama curada. Esta criança era muito peralta, pois sempre inventava de se esconder nas plantações do sítio, quando fazia alguma travessura. A própria garota abriu uma clareira, no meio do mato, e fez uma estrada secreta, onde sempre caminhava quando queria ficar sozinha. Porém os escravos descobriram este caminho e batizaram o local de Estrada de Anhaia
Apesar de tanta travessura, a garota foi criada com rigidez nos melhores princípios e aos dezoito anos foi mandada para um convento na Espanha. A jovem ficou apenas um ano no exterior, lá ela notou que não tinha vocação religiosa e voltou ao Brasil para o sítio da sua família. Uma certa tarde, a moça resolveu passear na própria estrada que montou quando era criança. Porém ela andou um pouco mais e notou que o caminho dava num mosteiro. No rio ao lado da estrada ela viu um jovem padre flutuando numa meditação.O religioso assustou-se, abriu os olhos e se apaixonou pela donzela. 
Anhaia não acreditou e gritou. Deste jeito ele perguntou: - Quem é você? - Será que eu cheguei ao céu com minha meditação e estou vendo um anjo? Desta maneira a dama respondeu: - Meu nome é Anhaia, moro numa fazenda perto daqui. - Vamos ser amigos? O padre concordou em fazer amizade com a moça. Então, a partir daquele dia, os dois começaram a se encontrar e passaram a ter um romance. 
Um certo dia, Anhaia descobriu que estava grávida e contou sobre o fato a uma das mucamas. O problema é que um dos escravos escutou tudo atrás da porta e contou para Pepe. 
O fazendeiro ficou furioso e colocou fogo no seminário. Anhaia ao saber da tragédia correu até a sua estrada e enforcou-se. 
Durante o incêndio, o padre mais velho saiu em chamas do mosteiro e gritou: - Quem fez isto, um dia pagará! - Pois aqui virará um viaduto e muitos dos descendentes, dos meus inimigos, terão seus corpos mortos atirados aqui. 
Um século se passou e construíram o Viaduto dos Padres perto de onde ficava o seminário que pegou fogo.
A Estrada de Anhaia continuou com este mesmo nome e muitas pessoas que passaram por este caminho a noite, falaram que viram o fantasma de uma jovem grávida, com uma corda no pescoço, em cima de uma árvore. Desde a inauguração do Viaduto dos Padres, muitos corpos foram desovados lá. As pessoas falam que é por causa da maldição dos religiosos que morreram queimados. Neste local, também, há muitos acidentes. Muitos caminhoneiros dizem que de madrugada aparece um fantasma, com vestes de padre, no meio da estrada e para desviar da assombração muitos motoristas acabam tendo acidentes.
Fantasma da Loira do Viaduto dos Padres

Na cidade de Curitiba morava uma médica apelidada de Ayala. Ela era: jovem, loira, alta, esbelta, muito bonita e por isto foi modelo na adolescência. Em 2009 esta mulher teve um relacionamento muito conturbado com um homem muito ciumento e que batia na coitada. Porém em janeiro de 2010 a doutora decidiu acabar com este namoro conturbado. A partir daquele instante ela passou a receber ameaças através de telefonemas. Porém ela decidiu trocar seu número telefônico e parou de receber os trotes. Numa manhã de fevereiro de 2010, ela chegou ao seu consultório e viu um diário velho em cima da sua mesa, que tinha o título de: “- Diário de Anhaia." Desta maneira a moça foi lendo o caderno velho aos poucos. No dia 5 de abril de 2010, a médica escutou o toque do celular, atendeu ao aparelho e saiu correndo. A doutora ficou tão nervosa que deixou o computador ligado, as gavetas destrancadas, o Diário de Anhaia, que estava lendo, aberto e correu em direção à garagem. Desta maneira a moça saiu com o carro em alta velocidade. Um mês depois seu corpo foi encontrado num matagal que fica no Viaduto dos Padres. Depois deste fato alguns caminheiros disseram ter visto o fantasma de uma loira no meio da estrada e a descrição deste espírito seria muito semelhante ao corpo da doutora assassinada." (Luciana do Rocio)
 Barreado & Sorvete de Banana, Gengibre ou Melancia
“Minino vô te contá:
Fui convidado pra comê Barreado
Serr’abaixo em Paranaguá
Peguei “Maria Fumaça”
Varei a Serra do Mar
Tanta beleza junta, juro que nunca vi
Véu de noiva, Ferradura, São João
Pico do Marumbi
Depois veio Barreado
Mió gororoba que eu já comi

Hum, hum, eh...ah...Barreado de Paranaguá

Carne de gado talho de batame
Folhas de louro, pimenta e cominho
Alho, cebola e salsinha, e um pedaço de toucinho
De barro é a panela, pos tampada e “Barreado”
Dez hora de fogo nela
E só servir depois
Com farinha e arroz
Veja como é  Carnaval (Entrudo) pelo Mundo Afora!
Rússia: Antes da Quaresma, celebra-se a Maslenitsa (Entrudo), um festival de uma semana que é a celebração Ortodoxa mais popular da Rússia. A Maslenitsa é um símbolo do adeus ao Inverno e boas-vindas à Primavera, e a palavra deriva de «Maslo», que significa «manteiga». As panquecas são um item fundamental nesta celebração, simbolizando o sol da Primavera. A «cidade Maslenitsa», perto da Praça Vermelha, estará aberta de 28 de Fevereiro a 6 de Março, oferecendo todo o tipo de animação e delícias. O dia mais importante é o último Domingo antes da Quaresma, no qual todas as pessoas pedem aos seus conhecidos perdão por insultos e problemas. No fim das festividades, é queimado o espantalho do Entrudo, que simboliza o final do Inverno. O hotéis.com sugere o Hotel Savoy Moscovo, desde 171 euros.
Alemanha: Existem três grandes centros de festejo do Carnaval na Alemanha: em Colónia (o mais importante e famoso), Düsseldorf e Mainz. O arranque do Carnaval alemão é a 11 de Novembro, às 11h11, que é quando o Carnaval começa. As festividades de Carnaval começam na Quinta-feira de cinzas (3 de Março) com o «Carnaval das Mulheres», em que uma mulher pode beijar qualquer homem desde que antes lhe corte a gravata; depois na «Segunda-feira cor-de-rosa» (7 de Março) há enormes desfiles de rua com mascarados, bailarinos, e carros decorados; na Terça-feira de carnaval (8 de Março) há bailes de máscaras, e a «Quarta-feira de cinzas» marca o final do Carnaval e o início do período de jejum, até à Páscoa. O hotéis.com sugere o Hotel Hilton de Colónia, a partir de 160 euros.
França: Em França celebra-se o Carnaval de Nice, o principal evento de Inverno da Riviera francesa, e que este ano terá lugar de 18 de Fevereiro a 8 de Março. O tema deste ano prende-se com a natureza, e será reflectido em desfiles a decorrer de dia e de noite (de flores, de luzes e de Carnaval) com 1.000 músicos e bailarinos de todo o mundo num só lugar, conhecido internacionalmente como «La Promenade des Anglais». O hotéis.com sugere reserva no Hotel Ellington, em Nica, a partir de 77 euros.
Países Baixos: Existem dois tipos de Carnaval nos Países Baixos. O Carnaval de Rijnlands, celebrado no Sul e Sudoeste do país; e o Carnaval de Bourgondisch, celebrado no Norte e Oeste da província de Brabant. Oficialmente, o Carnaval é de 6 a 8 de Março mas na realidade as festividades têm início a 11 de Novembro (às 11h11 começou a época de Carnaval). As tradições incluem a entrega de uma chave simbólica da cidade pelo Presidente da Câmara ao Príncipe do Carnaval, para ter poder nos três dias seguintes, que serão de festas e desfiles. Pode ficar no Golden Tulip Apple Park Hotel (Maastricht), desde 54 euros ou no Crown Inn (Eindhoven), desde 48 euros.
Itália: O Carnaval de Veneza é uma das festas mais antigas do mundo. Este ano, entre 26 de Fevereiro e 8 de Março as ruas estarão repletas de bandas, máscaras tradicionais, teatro de rua, etc. A cerimónia de abertura começa com o «Voo do Anjo», uma tradição antiga que consiste numa mulher jovem (normalmente conhecida do público) que surge do Campanário da Torre da Praça de São Marco. Segue-se a celebração da Feste delle Marie (que celebra a liberação das mulheres das mãos dos piratas da Istria). Muitos eventos, tais como festas e bailes de máscaras (Baile Casanova, baile da água, e Noite Dourada) têm lugar nos palácios antigos, e alguns são exclusivos para convidados! Tem o Hilton Molino (Veneza), desde 164 euros.
Dinamarca: É festejado o Fastelavn, que ultimamente se transformou num festival para crianças. O Fastelavn não tem lugar apenas num único dia do ano, mas sim sete semanas antes da Páscoa. As crianças mascaram-se e tentam bater com um pau num barril até ele se partir: é o chamado «fazer o gato sair do barril». O hotel recomendado é o Clarion Collection Hotel Twentyseven (Copenhaga), desde 134 euros.

Referências:
a) Maria Henriqueta Sperandio Garcia Gimenes: Cozinhando a tradição: festa, cultura e história no litoral -   
b|) Luciana do Rocio: Lendas Urbanas -  http://www.mrmalas.com/lendas/lenda.asp?id=14990):
c) Treeking: urma do Heron Mathoso: http://www.naturezarlivre.blogspot.com/
d) Modelo Carnaval 2011: Revista Mensal "Santa Mônica Clube de Campo": 
http://www.santamonica.rec.br

José Carlos Teodorovicz
-----------------------------------------------------------
Teo - jcteo ( Engenheiro Teodorovicz)
Email: jcteo.teo@gmail.com
Blog: http://www.jcteo.com
Facebook: jcteo
"O melhor resultado é quando todos do grupo fazem o melhor para si E para o grupo" (John Nash)

Nenhum comentário:

Postar um comentário